Douglas Engelbart e “A Mãe de Todas as Demos”

Por Carlos Daniel Quispe Paye / Estudante da Jala University

Outubro 01, 2025

Você consegue imaginar ver um mouse em ação pela primeira vez? Uma videoconferência? Ou até mesmo um editor colaborativo?

Foi isso que os participantes vivenciaram em uma demonstração histórica que mudou para sempre a perspectiva do futuro dos computadores. Trata-se da chamada “The Mother of All Demos” ou em português “A Mãe de Todas as Demos”, que foi uma conferência de cerca de 90 minutos!

Talvez você pense, por que isso é considerado uma grande revolução? Pois bem, a verdade é que essa conferência aconteceu nos anos 60! Naquela época, a navegação e interação com os computadores era feita por meio de comandos no terminal, e nem sequer existia o conceito de Computador Pessoal (PC) que pudesse ser comercializado

Engelbart era engenheiro elétrico, mas o que realmente impulsionou sua carreira profissional foi a visão que ele tinha, adquirida ainda jovem.

“I realized that I didn’t have any more goals than a steady job, getting married and living happily ever after” | Douglas Engelbart, Dec 1950

Douglas Engelbart inspirou-se no artigo “As We May Think” de Vannevar Bush (“Como deveríamos pensar” em português), publicado em 1945. Esse artigo visionário destacava tanto as preocupações do autor sobre os rumos dos esforços científicos quanto sua esperança de que a informação fosse democratizada graças à tecnologia e às máquinas, que poderiam ser acessíveis a todos, dando assim um melhor caminho ao progresso científico.

Vamos nos contextualizar! Vamos lembrar a época da publicação desse artigo, 1945. Algo curioso é que foi publicado duas vezes, a primeira em julho e a segunda em setembro. Já entendeu? … Ainda não? Nos dias 6 e 9 de agosto de 1945, duas bombas atômicas foram detonadas em Hiroshima e Nagasaki, no Japão, bombas pertencentes aos Estados Unidos. Durante esse ano, o governo norte-americano investiu enormes quantias no desenvolvimento dessa tecnologia. Agora você entende a preocupação de Bush, certo? Também faz sentido que esse artigo tenha sido publicado uma primeira vez antes dos lançamentos e outra depois deles. Vamos continuar!

Engelbart então propôs criar um sistema computacional que pudesse melhorar a capacidade humana de resolver problemas complexos e colaborar a distância.

Sua visão era de que os computadores não fossem apenas ferramentas para realizar cálculos, mas extensões da mente humana, capazes de processar, armazenar e comunicar informações de forma eficiente e criativa.

Para isso, baseou-se nos princípios da cibernética, da teoria de sistemas e da psicologia cognitiva. Seu lema era “aumentar a inteligência humana”

Engelbart reuniu uma equipe de engenheiros e programadores em seu Centro de Pesquisa em Aumento (ARC, na sigla em inglês), localizado no Instituto de Pesquisa de Stanford (SRI), no início da década de 1960.

Com essa equipe, desenvolveu um sistema chamado NLS (oN-Line System), que integrava vários elementos que hoje são fundamentais para a computação pessoal e a interação humano-computador. Alguns deles foram:

  • O mouse, periférico com o qual controlamos um cursor em uma tela de bitmap e selecionamos comandos ou textos com um simples clique.
  • As janelas, áreas visuais que permitem ver múltiplos documentos ou aplicativos em uma mesma tela e alternar facilmente entre eles.
  • O hipertexto, que conecta documentos ou seções de texto entre si, criando uma rede de informação não linear e dinâmica.
  • A videoconferência, muito utilizada hoje em dia. Permite-nos comunicar com outras pessoas por meio de áudio e vídeo em tempo real, usando uma câmera e um microfone.
  • O editor colaborativo, que nos permite trabalhar em um mesmo documento com outras pessoas de forma simultânea e sincronizada, vendo as alterações em tempo real e usando um sistema de controle de versões.
  • A navegação pelo conhecimento, que permite acessar informações de forma rápida e eficiente, usando um sistema de hierarquias, categorias e etiquetas.

Essas inovações foram apresentadas ao público pela primeira vez em 9 de dezembro de 1968, em uma conferência de 90 minutos realizada em São Francisco, diante de cerca de 2.000 participantes.

Um dado curioso é que a conferência foi transmitida ao vivo por uma rede de computadores chamada ARPANET, que viria a ser a precursora da Internet.

A conferência foi posteriormente batizada como “A Mãe de Todas as Demos”, por seu impacto e relevância no campo da informática.

Essa demonstração foi uma grande fonte de inspiração e também uma referência para o desenvolvimento de muitos outros projetos e pesquisadores que decidiram seguir seus passos.

Como, por exemplo, o Centro de Pesquisa de Palo Alto (ou PARC, em inglês) da Xerox. Eles desenvolveram o conceito de Interface Gráfica de Usuário (GUI), que incorporava elementos como ícones, menus, janelas e a área de trabalho. Foi adotado pela Apple em seu sistema Macintosh e pela Microsoft no Windows.

Também o projeto Sistema de Recuperação e Edição de Arquivos ou FRESS (File Retrieval and Editing System), desenvolvido por Andries van Dam e uma equipe da Brown University, foi uma melhoria do Hypertext Editing System (HES), inspirado no NLS apresentado por Engelbart.

A demonstração de Engelbart é até considerada um exemplo de visão e liderança, pois ele soube antecipar as necessidades e possibilidades da sociedade e mobilizar uma equipe de pessoas talentosas e comprometidas com sua missão.

No curso “História da Engenharia de Software” da Universidade Jala, exploramos exaustivamente a evolução da engenharia de software, abrangendo sua história, figuras pioneiras e momentos-chave. Um objetivo fundamental do curso é evitar uma abordagem monótona. Por esse motivo, os instrutores inovaram a metodologia de ensino, dando aos alunos um papel central: a criação e publicação de um blog online.

Nesse blog, os alunos são responsáveis por desenvolver um tópico específico relacionado ao assunto. Esse projeto culmina com uma apresentação no final do curso por cada equipe, seguida por uma sessão interativa de perguntas e respostas. Dessa forma, promovemos uma experiência educacional dinâmica e participativa, permitindo que os alunos não apenas aprendam sobre o assunto, mas também desenvolvam habilidades essenciais de comunicação e análise.

Este artigo foi escrito em espanhol e traduzido para o inglês e o português com o ChatGPT

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